Nave da missão europeia Hera contará com navegação autônoma no espaço
05 de Abril de 2019
ESA
Na próxima década, veremos acontecer duas missões com destino ao mesmo objeto espacial. Em 2021, a NASA
lançará a sonda DART para se chocar contra Didymoon, a "lua" do
asteroide Didymos, com a colisão acontecendo no ano seguinte. Então, em
2023, a ESA lançará a missão Hera com o objetivo de, em 2026, coletar
informações importantes sobre o objeto e analisar a cratera gerada pelo
impacto da DART. Agora, a agência espacial europeia dá mais detalhes
sobre a missão, revelando que a nave contará com um sistema autônomo de
navegação no espaço, de maneira semelhante ao funcionamento dos veículos
autônomos que começam a se aventurar pelas ruas do nosso planeta.
“Se você acha que os carros autônomos são o futuro na Terra,
então Hera é o pioneiro da autonomia no espaço profundo”, disse Paolo
Martino, engenheiro chefe de sistemas da missão. “Embora a missão seja
projetada para ser totalmente operada manualmente a partir do solo, a
nova tecnologia será testada assim que os principais objetivos forem
alcançados e riscos maiores puderem ser tomados", explica.
 
A
lua Didymoon tem apenas 160 metros de diâmetro, enquanto o asteroide
Didymos tem 780 metros, e a autonomia da nave deve permitir que ela
navegue com segurança a cerca de 200 metros da superfície de Didymoon,
permitindo observações em alta resolução de até 2 cm por pixel —
focando, em particular, a cratera de impacto deixada pela DART, que será
feita com o objetivo de alterar a órbita da lua e, com isso, avaliar a
nossa capacidade de tirar eventuais asteroides perigosos de nosso
trajeto. Se a NASA for bem sucedida, a ESA fará essa constatação alguns
anos depois. Didymoos
leva apenas 12 horas para orbitar Didymos, e se a missão DART conseguir
mesmo desviar a órbita da lua ao redor do asteroide, veremos essa
quantidade de dias para a lua completar uma órbita ser alterada,
comprovando que é possível desviar asteroides potencialmente perigosos à
Terra no futuro. Ainda, a tecnologia de navegação autônoma que será
testada pela ESA com a Hera terá usos mais amplos em futuras missões
espaciais, incluindo no veículo de manutenção espacial que a agência
está projetando com o objetivo de remover detritos espaciais da órbita
do planeta, bem como a ambiciosa missão Mars Sample Return, que colheria
amostras do solo marciano e as traria de volta à Terra.
A ideia é que, no futuro, sondas orbitais capazes de conduzir a
própria navegação pelo espaço e ao redor dos objetos de interesse
possibilitem uma maior quantidade de missões exploratórias a relativo
baixo custo. Linha do tempo da missão Hera (Imagem: ESA)
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